segunda-feira, julho 16

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Aquecimento: Diário dos Mortos




                Boa noite, Leitores!
                Está vindo. Aos poucos a horda de zumbis comedores de miolos vai invadir meu humilde blog!
            Fiquem com uma pequena prévia do que está por vir. Espero que gostem e não deixem de comentar:


“Só os vivos podem matar os mortos”.


Autor: Leon S. Vellasco
Twitter: @Lucianovellasco


O Diário


Anotação:

            Comida enlatada novamente. Não sei há quanto tempo foi que eu desfrutei de uma comida preparada no fogão. Arroz com feijão, um belo e suculento bife, acompanhado de batatas fritas... chega me da água na boca enquanto escrevo isso. Porém, não posso reclamar da comida que tenho em mãos. Ainda mais porque, para conseguir isso, perdemos mais um membro do grupo. Foi mordido. Uma pena. Era um cara bem durão e por um descuido besta de não verificar a porta dos fundos do supermercado, foi atacado por trás e mordido no braço. Não poderíamos ter cometido maior erro. Essa era nossa filosofia. Nosso estilo de vida. Verificar tudo, observar tudo e só depois de checar o mesmo lugar duas, três vezes e que podemos tentar relaxar um pouco, se é que é possível relaxar com aquelas coisas lá fora.
            Tivemos de executá-lo. Já tinha visto algumas vezes, mas é sempre difícil. Para mim impossível.  É preciso ter algo especial no sangue para poder atirar em outra pessoa. Saber que você está tirando tudo de uma pessoa com um único movimento chega a me dar náuseas. Não, eu não tenho coragem, mesmo sabendo que meu companheiro está condenado. Foi o Leandro que o executou. Ele tem sangue frio para tal tarefa. Ex-presidiário, sabe. O cara matou muita gente nessa vida e matou muito mais gente desde que tudo foi para o caralho. Ele é bom no que faz e no mundo em que vivemos agora, ele é um aliado precioso. O cara ainda é um entendido quando o assunto é arrombar casas. Nenhuma fechadura parece ser boa o suficiente para ele. Não temos tanto medo dele quanto teríamos antigamente. Existem coisas que tememos muito mais que ele e ele próprio os teme tanto quanto nós. Todos os perigos do mundo antigo não se comparam ao inferno que veio ao mundo atual.
                Depois disso seguimos em frente. Não pudemos parar de correr. Leandro e Murilo já discutem o próximo refugio, enquanto Marta e Rafaela aprontam as mochilas. Somos um pequeno grupo de cinco, que até dois dias atrás era formado por oito pessoas. Foram dias muito difíceis... alias todos os dias foram desde que esse caos todo começou. Estou aqui comendo milho enlatado pensando num X-burger do MC Donalds, pensando em toda a comodidade que eu tinha antes do apocalipse.
                Eles estão lá fora. Os malditos gemidos ainda vão me deixar louco. Eles sabem que estamos aqui. Logo vão conseguir entrar, precisamos encontrar um novo refugio, mas enquanto não saímos em disparada de nossos perseguidores eu vou tentar dormir um pouco. Ter pesadelos com mortes e mais mortes. Já estou quase me acostumando a eles. Tenha uma boa noite.
                Ainda estou vivo.
                62 dias pós-apocalipse Zumbi.




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