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sexta-feira, junho 28

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Luto – Porque aceitar uma perda é tão difícil?



             

           Tenho certeza que todos já passaram por isso, mesmo que indiretamente. Todos entendem o significado da palavra e pedem com todas as forças para nunca torna-la presente em sua vida. Mas ela vem às vezes de uma forma tão inesperada, tão de repente que a assimilação do ocorrido é uma tarefa quase impossível. Vale reforçar que o luto é um sentimento de pesar ou de dor pela morte de alguém, vem a ser um processo que nos ajuda a assimilar a perda de alguém que amamos. Sentimentos se confundem, se chocam, se misturam e são liberados em intensidades que variam de pessoa para pessoa e de como o evento ocorreu, os mais comuns são raiva, tristeza, ansiedade, culpa, anseio, solidão e fadiga e todos eles estão diretamente ligados a sintomas físicos como vazio no estômago, aperto no peito, nó na garganta, falta de ar, falta de disposição, entre muitos outros. No velório é quando a realidade aparece como um soco no estômago e nos tocamos de que aquilo aconteceu de fato, fugir dele pode não ser uma escolha sensata, pois pode gerar arrependimento no futuro. O luto geralmente dura de 3 meses a 1 ano, mas alguns casos passam disso devido ao forte trauma. Existem cinco fases para o luto:
             A negação – Surge à primeira fase do luto, é no momento que nos parece impossível à perda, em que não somos capazes de acreditar. A dor da perda seria tão grande, que não pode ser possível, não poderia ser real. Pensamentos mais frequentes: “Isso não é verdade!”, “Vai tudo voltar ao normal amanhã”.
           A raiva – Surge depois da negação. Mas mesmo assim, apesar da perda já consumada negamo-nos a acreditar. Pensamento de “porque a mim?” surgem nesta fase, como também sentimentos de inveja e raiva. Nesta fase, qualquer palavra de conforto, parece-nos falsa, custando acreditar na sua veracidade, evitamos falar sobre o assunto e perde-se a calma com facilidade quando alguém o aborda. Pensamentos mais frequentes: “Isso não é justo!”, “Porque tinha de acontecer justo comigo?”.
             A negociação – Nessa fase busca-se fazer algum tipo de acordo de maneira que as coisas possam voltar a ser como antes. Essa negociação geralmente acontece dentro do próprio indivíduo ou às vezes voltada para a religiosidade. Promessas, pactos e outros similares são muito comuns e muitas vezes ocorrem em segredo. Pensamentos frequentes: “Vou pensar positivamente e tudo voltará a ser como antes”.
            A depressão – Surge quando o individuo toma consciência que a perda é inevitável e incontornável. Não há como escapar à perda, este sente o “espaço” vazio da pessoa que perdeu. Toma consciência que nunca mais irá ver aquela pessoa, e com o desaparecimento dele, vão com ela todos os sonhos, projetos e todas as lembranças associadas a essa pessoa ganham um novo valor. Pensamentos frequentes: “Não posso lidar com isso”, “Nunca mais as coisas ficarão bem”, “Eu me odeio”, “Odeio o mundo”.
           A aceitação – Nessa fase percebe-se e vivencia-se uma aceitação do rumo das coisas. As emoções não estão mais tão à flor da pele e a pessoa se prontifica a enfrentar a situação com consciência das suas possibilidades e limitações. Esta fase depende muito da capacidade da pessoa mudar a perspectiva e preencher o vazio. Pensamentos frequentes: “Não é o fim do mundo”, “Posso aprender com isso, melhorar”, “Darei valor a quem está comigo”.
               
            É importante dizer que essas fases não são lineares, ou seja, elas podem superar uma fase, mas depois retornar e ela por algum motivo, ficar para sempre em uma delas, ou em alguns casos superar rapidamente todas as fases, sendo assim, não há um tempo definido para acontecer. Tudo depende do que a pessoa perdeu, porém, sabe-se que a pessoa leva um tempo considerável para passar da fase da depressão para a fase da aceitação. Algumas pessoas podem levar décadas para se recuperar e outras nunca conseguirão aceitar serenamente a perda, como no caso de uma mãe que perde um filho.
          
           O que eu quero passar a vocês com tudo isso é que o luto é algo tão inevitável quanto à morte. Um dia ela vai bater a sua porta querendo você ou não. O importante é o que cada um está fazendo entre o agora e o que vai ocorrer no futuro. Quem já passou por isso ou está passando, lembre-se que ainda há muitas pessoas que amam você e que querem o seu bem, apesar de difícil, a vida deve continuar, precisamos continuar, não apenas por nós, mas também por quem sente qualquer tipo de sentimento positivo a você. Hoje estou de luto, mas sei que ela não iria querer isso para mim, ela quer que eu viva por mim e por ela. Está foi a minha lição de vida.  
Já disseram hoje que amam seus filhos, pais, avos, netos, primos, amigos?
            Amanhã pode ser tarde.

“Para todo fim, a um novo começo”