quinta-feira, julho 26

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A luz do luar




                  Boa tarde, leitores!



              Estou aqui hoje trazendo um pequeno conto de minha autoria que fiz depois de receber uma simples e singela mensagem de celular. A mensagem dizia que eu poderia descrever a lua como ninguém... não sei se sou capaz de tal façanha, mas acabei me inspirando um pouco e resolvi escrever sobre. Ainda estou contente com a comemoração do dia do escritor (que foi ontem) e não queria deixar o dia passar sem ao menos um conto. O resultado está logo abaixo. Enjoy:   


A luz do luar.

                Vanessa acordou de sobressalto.
                Um suor frio escorria pela nuca, descendo até o lençol alvo no qual estava deitada. Um sentimento de solidão e medo assaltou seus pensamentos. Sem pensar no porquê de estar daquele jeito, levantou-se da cama e sentiu o chão gelado sob os seus pés inundar seus sentidos, avisando-a de que ela deveria proteger os pés a fim de resguardar a própria saúde. Na escuridão mais profunda ela tateou o vazio até encontrar o interruptor de luz e o movimentou para baixo.
                Nada.
                Tentou uma vez mais e nada. Empurrou para cima e para baixo e nada. Estava no escuro. Sozinha. Colocando a mente para funcionar tentou lembra-se de onde havia deixado às sandálias, mas a mente ainda brigava com o sentimento de solidão, não dando espaço para pensamentos menos importantes.
                Então, uma luz vinda da janela iluminou por um momento uma grande fração de seu quarto. Aquele momento durou apenas um instante, mas foi o suficiente para que pudesse localizar as sandálias que estavam recostadas ao lado de sua cama. Calçou-as e começou a divagar por um instante de onde vinha à luz que iluminará seu quarto agora a pouco, pois no momento seguinte a solidão e o medo voltaram a assombrá-la. As pessoas, quando estão com medo agarram-se a um fio de esperança, por menor que fosse. Por uma chance de não ficar perdido para sempre nas trevas. A luz no fim do túnel parecia bastante convidativa para ela, de modo que sem hesitar, foi tateando um modo de sair de seu quarto coberto pelas trevas.
                Ela não soube precisar quanto tempo demorou, mas finalmente ela estava fora de sua casa. A escuridão tomava conta de tudo e nem mesmo as estrelas estavam presentes no firmamento. Não havia luz, parecia não haver esperança. O vazio começou a dominá-la com força. Sentiu suas energias indo embora. As lágrimas despencaram de seu rosto à medida que uma tristeza abateu-se sobre sua alma e ela imaginou que sua existência acabaria ali mesmo, enterrada na mais profunda das trevas.
                Então, novamente, veio à luz.
                Ela estava na varanda de sua casa e olhou para a fonte da luz misteriosa. De dentro de sua alma surgiu um fio de esperança. Um sopro de vida. Uma chance de sair das trevas. Ela teve de apertar os olhos, por causa da claridade. Depois de passar pelas trevas, seus olhos tinham de se acostumar com tanta luz.
                Inspirou profundamente e um sorriso singelo e sincero brotou em sua face. O que ela via era o esplendor da lua. Era simples, mas sustentava um brilho magnifico. Vez ou outra uma nuvem tentava esconder toda aquela ostentação de beleza, mas era impossível. Nem mesmo elas foram capazes de desviar seu olhar de admiração diante tal majestade.
                Ela sorriu quando uma imagem formou-se em sua mente.
                - Se um dia você sentir-se só no silêncio da noite não chore. Olhe para o céu e veja que a lua sempre está só e nem por isso deixa de brilhar... – comentou uma voz vinda de algum lugar que no inicio ela imaginou ser sua mente.
                Ela olhou para o seu lado esquerdo e por um instante assustou-se. Ao seu lado materializava-se a imagem de seu pensamento. O amigo.
                - Magnífico não acha? – a voz continuou. – Mesmo contra as trevas, ela ainda brilha sublime no firmamento. Ela é o símbolo de nossa eterna luta contra nossos pecados. Mesmo diante as mais profundas trevas, o brilho da bondade e da esperança pulsa firme em algum lugar de nossos corações.
                Ela não conseguia expressar o que estava sentindo no momento. A imagem do amigo parecia reconfortá-la de um modo tão ameno que suas palavras não precisavam ser ditas. O homem ao seu lado continuava a falar sem tirar os olhos da lua.
                - Acho que nem mesmo eu poderia descrever sua majestade. E olha que sou bom com as palavras – ele comentou em meio a um sorriso tímido. – Você às vezes pensa que está sozinha não é mesmo?
                Ela apenas assentiu com a cabeça.
                - Pois então lembre-se sempre de olhar para a Lua. Quem sabe eu não apareça novamente em seus pensamentos para te fazer companhia...
                - Eu sei que você pode descrever este luar como ninguém – ela conseguiu dizer em meio às lágrimas de emoção, sabia que não estava sozinha no mundo afinal.
                - Quem sabe um dia... – ele sorriu para ela. – Até lá, continuamos a admirar.  
           A jovem contemplou a lua mais uma vez por um momento e virou-se para agradecer pela companhia, mas seu amigo não estava mais lá. Havia desaparecido do mesmo modo que havia aparecido. Vindo de algum lugar e de lugar nenhum.
                Ela sorriu.
                “Um sorriso é uma meia lua. Outro sorriso é outra meia lua. Dois sorrisos compõem uma lua inteira...”. Ela ouviu antes de despertar.
                - Foi tudo um sonho? – indagou consigo mesma. Olhou pela janela e divisou a luz do luar. Ela sorriu ao ver que a lua estava magnifica aquela noite e lembrou-se de um amigo que sabia ela que poderia descrever aquele luar como ninguém e resolveu na calada da noite lhe enviar uma mensagem.
                “A Lua está magnifica! Bjin, boa noite”, dizia o final dessa mensagem que foi recebida por seu amigo com o mais terno e sincero dos sorrisos.




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